domingo, 27 de julho de 2008

Olhar de Cristiane - Artigo

ARTIGO

Marcondes Rosa
Jornal O POVO
09/07/2007 02:23

 Na Web, lanço "Aspectos socioeconômicos do Ceará", de Cláudio Ferreira. Lima, para o Fórum Ceará. E, dos Inhamuns (Ce), chegam-nos de Cristiane Feitosa, contrapontos. Liberdades políticas, fundamentais a construir, com emprego e renda, o desenvolvimento.

Cristiane tem outro olhar: "Vivendo e trabalhando no interior (...) percebe-se que tal liberdade não existe. É pura utopia. Não há liberdade do povo e nem desenvolvimento". Relevante, diz Cláudio, o papel da educação na construção da democracia participativa, muito chão, no Ceará, por andarmos: "Do total, 603.522 são analfabetos e 1.598.126 têm o lo. Grau incompleto. Apenas 90.373 possuem superior completo". Contraponto: "(...) um dos interesses - seja ele municipal, estadual ou federal - de não haver investimento sério com a educação é formar os 'currais eleitorais' (...) mais fácil controlar o voto numa sociedade sem informação, que nos vem com a educação".

 Cristiane é contra a "segurança protetora das bolsas": (...) leva à falta de mão-de-obra para trabalhos rurais (...) o trabalhador sabe que vai receber sem esforço algum... (...) "pai aposentado, mãe e cinco filhos maiores, ninguém trabalha mais (...) Vivem todos da aposentadoria do patriarca" (...) "Os filhos homens vivem na cachaça e partem para os assaltos (...) "A marginalidade, o alcoolismo e a prostituição estão aumentando". E conclui: "(...) base de tudo, a educação" (...) a levar o homem do campo a ficar no campo".

Tudo, sob o lema do "não lhe dê um peixe, ensine-o a pescar". Chegam-nos avais a Cristiane. Um deles, o da profa. Maria Adélia de Sousa (USP), a propor "novo discurso político para o País": "Não há como refletir sobre o mundo novo, especialmente numa região pobre como o Nordeste brasileiro com as teorias, conceitos e significados do século XX". Marcondes Rosa - Professor da UFC e da Uece

Olhar de Cristiane - CARTA

Minha Cara
 Professora Cristiane Feitosa,

 Antes de tudo, um pedido de desculpas e, por ironia, de agradecimento. Refiro-me a considerações embasadas em seu ponto de vista a propósito de idéias levantadas pelo economista Cláudio Ferreira Lima a propósito do recente encontro de nosso governo estadual a nos debater o futuro.

Seus contrapontos, jogados em diversos grupos de discussão – Ethos-Paidéia, Além da Visão, Educadores, Educação para o Pensar, Nepe, entre outros – despertaram a consciência de muitos com vistas, sobretudo, às idéias distorcidas de nossa democracia e da ilusória “segurança das bolsas”.

Do debate, terminei por incorporar seus “contrapontos” não só em artigos meus – o primeiro deles, Olhar de Cristiane, a transcrição literal e cabível nos 1800 caracteres com os espaços em branco que o Jornal o Povo quinzenalmente me concede.

Na verdade, o artigo (o primeiro que assim escrevi) foi todo seu. Não obtive espaço para os muitos “concordamos” que, por aí afora, recebemos. Desculpas, que pretendo sana-las, já que consegui, de novo, seu endereço e os principais textos da discussão, num trabalho de resgate técnico do que havia perdido. Vou lhe enviar, a seguir, as principais dessas mensagens na discussão. E pedi-lhe que espraie esse olhar por onde andar. A propósito, quando enviei o artigo para o jornal, a editora, ao me dar o retorno do recebimento, perguntou-me: “Olhar de Cristiane! Eu queria ser essa Cristiane”...

Vamos ver se, a seguir, conseguirei.
Grato e parabéns.

Marcondes Rosa de Sousa

Um “escrevente”

IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELAS QUEIMADAS NOS SOLOS DO DISTRITO MIRANDA, MUNICÍPIO DE PARAMBU – CEARÁ



Os impactos ambientais causados pelas queimadas nos solos do Distrito Miranda no Município de Parambu no Estado do Ceará foram verificados por meio da análise dos parâmetros ambientais físico-químicos dos solos, análise textural, utilização de talhões coletores para armazenar a terra transportada pelas chuvas e determinação do fator K de erodibilidade do solo.

As amostras do solo foram coletadas nas áreas de cultivo e de mata nativa em profundidades de 0 – 20 cm e 20 – 40 cm, no período de estiagem. Os resultados das análises tiveram seus valores comparados ao limites determinados pela EMBRAPA (1979). O parâmetro pH apresenta valores entre acidez baixa e alcalinidade média e a Matéria Orgânica com valores entre 0,6 a 1,3% variou de baixo a médio. Os Macronutrientes Nitrogênio, Potássio, Cálcio, Magnésio, Fósforo e Enxofre, embora, com valores que diferem da seqüência da EMBRAPA (1979) estão presentes nas duas áreas. O Alumínio trocável apresentou concentração uniforme (0,00 cmolc/Kg), favorecendo o solo das áreas uma vez que seu alto teor no solo é altamente nocivo à maioria das culturas. A Capacidade de Troca Catiônica apresentou maior concentração na área de cultivo (variando de 8 a 10 cmolc/Kg), mostrando que nessa área, onde ocorrem as queimadas, devido sua localização consegue reter e fixar no solo uma maior quantidade de cátions metálicos trocáveis, enquanto que na área de mata nativa apresentou-se baixo (variando de 3 a 4 cmolc/Kg).

 Os índices da Saturação de Bases, variando de 89 a 100%, indicou baixo poder de lixiviação. O Potencial de Acidez com valores entre 0,00 a 0,49 cmolc/Kg significando baixo poder de acidez do solo. Os valores do Sódio Trocáveis variaram de 0,06 a 0,41 cmolc/Kg sendo classificado como alto. A Condutividade Elétrica com valores menores do que 4 dS/m, a Percentagem de Sódio Trocável menor do que 15 e o pH menor do que 15 classifica o solo da área em relação a esses parâmetros como normal. A classificação textural franco arenosa prevaleceu nas duas áreas e profundidades. Os solos foram classificados segundo a EMBRAPA-CNPS (1999) na ORDEM Planossolo Hidromórfico, SUBORDEM, área de mata nativa vermelho e área de cultivo vermelho-amarelo e GRANDE GRUPO Eutrófico. As medidas de perda de solo foram de 2 a 3 cm. O parâmetro K aproximado variou de 0,31 a 0,37 na profundidade de 20 cm, o que indica alta erodibilidade do solo.


A verificação dos impactos ambientais quanto às queimadas, por meio dos índices de macronutrientes, realizada nas áreas de cultivo e de mata nativa, evidenciou que essa técnica não interferiu nos resultados, mesmo sendo inadequadamente conduzida. O solo da área de cultivo, com queimadas anuais, apresentou valores de erosão responsáveis pela diminuição das terras agrícolas. Palavras-chave: Impactos Ambientais. Queimadas. Solo. Desmatamento. Erosão.